quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Carta a Santo Antônio

Prestimoso Santo,
estive pensando sobre suas atribuições casamenteiras... Você é o padroeiro do casamento, mas suas atitudes são, às vezes, tão pouco usuais e contraditórias, que você acaba, frequentemente, parecendo um embuste. E isso abala a sua imagem literalmente... Te prendem, te afogam, te congelam...
Está bem, eu te desviro e a gente conversa melhor.
Concordo, voce é responsável apenas pelo casamento e não tem como se  responsabilizar pelo tempo que ele dura... O tão famoso "até que a morte os separe" não é de sua autoria, mas de São Paulo, que teria proferido a frase na sua primeira Epístola aos Coríntios... mas será mesmo que os laços indissolúveis do matrimônio foram instiuidos por Deus, ainda no Paraíso? Será que Deus falava dos laços do matrimônio, ou seria dos laços do amor? Como a gente consegue manter laços de matrimônio, se não conseguimos manter nem laços afetivos? Mas isso, eu pergunto para o próprio São Paulo noutra carta.
De você, eu queria mesmo entender como se arma a jogada do casamento. Qual é a sua relação com o Cupido? Voces trabalham juntos? Tipo: ele flecha e hipnotiza e você incute a idéia de casar?  Por que, olha, você é bom nisso!!  Pra convencer jovens com dificuldades de morar na casa dos pais, ou os que não tem dinheiro para morar sozinhos e precisam dividir despesas, você nem se esforça muito...para os que se esquecem dos métodos anticoncepcionais, tampouco... os que casam por dinheiro ou poder, nem passam por você... rezam por outra cartilha. Mas como você dá conta de convencer pessoas que estão bem sozinhas, não precisam dividir despesas, namoram, mas cada um se responsabiliza pela sua própria vida, a dividirem o mesmo teto?
Você promete segurança, fidelidade, confiança? Promete sexo todo dia?
Companhia pro jantar? Promete ter alguém pra te acordar com beijo de manhã (além do cachorro)?
Filhos? Ah, filhos...Você promete filhos...saudáveis, lindos e bem comportados?
Chazinho com aspirina e canja de galinha no resfriado?
Já sei!! Você promete o fim da solidão? Bingo!!! O fim daquela sensação de que somos únicos? De que temos crescimentos diferentes das outras pessoas, temos ritmos biológicos diferentes, temos pensamentos e atitudes diferentes?
Você nos convence que a partir dali nunca mais seremos sozinhos na busca dos nossos sonhos, que quereremos as mesmas coisas, ao mesmo tempo e saberemos partilhar? Que seguiremos acompanhados na nossa jornada pela vida com a nossa tão sonhada alma gêmea?
Você promete que o ronco, a TPM, os flatos, o controle remoto, as dívidas, as vaidades, a louça sem lavar, as sogras e, principalmente, a nossa eterna curiosidade em conhecer coisas novas, (às vezes, conhecer até no sentido bíblico) não vão mesmo atrapalhar o relacionamento???
Promete, Santo Antônio, promete?
Mesmo???
Porque se você prometer, eu não terei mais dúvidas:  -VOCÊ É UM EMBUSTE!!!

Fechando a porta do freezer, depois de virar o Santo Antônio de cabeça pra baixo de novo:  Guinevère.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Carta (quase um bilhete) a Sidarta Gautama

Mestre,
você pregava a impermanência das coisas e por conta disso, o desapego. Praticava o amor fraternal, sem expectativas... o auto-controle através da meditação.
Evitar os excessos, seja de euforia ou tristeza...para alcançar o equilíbrio. Exercitar a alegria interior e o sorriso fácil,  o perdão e o não julgar...
O problema é que esse equilibrio parece tão pálido, tão opaco. Cadê o brilho no olho? Cadê a taquicardia e o frio na barriga? Aquele êxtase pela conquista? Parece que estamos nos protegendo do sofrimento com essa atitude comedida... e acabamos nos furtando do arrebatamento de alegria...
Você pensa mesmo que, se não conseguimos controlar nossas emoções e retornar rápido de um estado de tristeza ou mesmo de um estado de alegria, então é melhor não tentar? Tem certeza?
Não parece covardia? Medo de sofrer?
Não é mais lógico tentar inventar um 'avião emocional' pra gente poder ir e vir mais rápido?
Vamos conversar com Santos Dumont? Ou seria um caso a ser estudado pela NASA?

Namastê, Sidarta.
                               Guinèvere

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Carta ao Anjo da Guarda

Querido Amparador,
ando trabalhado muito, pensando muito e esquecido um pouco de você. Houve momentos que nós conversávamos mais... My fault.
Entendo a sua invisibilidade, sua sutileza e respeito às minhas atitudes... Imagino que você discorde muitas vezes... Admiro sua capacidade de suportar, me vendo fazer bobagens, sem interferir. Eu não fui treinada para ser anjo ainda...minha profissão exige que eu dê pitaco na vida dos outros, chame atenção, interfira. Já a sua atividade requer muita paciência, muita fleugma... Ainda não tenho...Se eu fosse você, já teria, ao menos, me beliscado em algumas ocasiões.
Preciso voltar a conversar mais com você...Se você tenta me chamar e eu não escuto, desculpe. Talvez o barulho da vida interfira... ou o barulho da minha cabeça? Mas eu amo você demais. Confio muito em você. E fico chateada por ser tão atrapalhada e você tão discreto. Hoje lembrei muito de você e resolvi até te escrever... funciono melhor assim. Ando confusa... precisando de conselhos... desejando mudar os rumos... ansiosa... Fica por perto esta noite...
Tô com muito sono... talvez seja o seu chamado pra conversar... tomara que sim...
Beijo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carta a Santa Inocência

Prezada Santa:
Nem sei como começar...Tem situações que são dificeis de destrinchar... Vamos ao fato: Estou desconsolada!!!
Tem coisas que não tem conserto!!! Não da pra mandar arrumar...não existem  casas especializadas. Não é como levar um secador de cabelo estragado para a loja autorizada da fábrica, por exemplo... E essas coisas tem o seu valor,  nós sabemos quanto custam... Pra adquirir um já é dificil... Imagina quando estraga...
Não tem a menor idéia do que eu estou falando, não é? Já disse: estou desconsolada... kkk. Meu vibrador queimou... E agora??? Alguém já passou por isso? Faço o quê com aquele membro de silicone, que não se movimenta mais?
Imagine levá-lo na Sex Shop... o cara vai pensar o quê? Nooossa... chegou a queimar o pobre coitado... Deve ser meio parecido como levar seu marido impotente ao Urologista. Ele deve pensar: Huumm... como será que ela esta se virando sozinha?
Pedir pra um "faz tudo" consertar pra mim? Me imagino fazendo uma cara de paisagem, dizendo: Por favor, o senhor poderia consertar a pia que está vazando? Aproveita, troca a tomada da coifa do fogão e já dá uma olhadinha neste vibrador, que ele não tá mais girando? Já troquei a pilha, mas acho que deve ser o "fusível"... Seu dinheiro está em cima da mesa... tô indo. E neste momento ocorre a minha transmigração para qualquer planeta onde os habitantes tenham a pele da cor "roxa de vergonha".
 Depois pensei em jogar fora... mas aonde?  No lixo? Imagine jogar um "membro" no lixo... O zelador do prédio colocando os latões na calçada, o saco rasga e cai o "meu pênis" na rua... Hipótese sumariamente descartada.
Dou uma de Jack estripador e pico o pobrezinho? Ou queimo na churrasqueira? Imagine o cheiro do silicone e da borracha...Até que desmanche tudo, a vizinhança já desceu correndo por causa da fumaça...
Compro outro e deixo esse guardado, melhor, escondido. Nem pensar, se vibradores tiverem uma meia vida de dois anos como este,  até os 80 anos terei uma coleção de pênis queimados... Já vou providenciar uma cristaleira para expô-los... sim, porque até lá... já nem terei mais vergonha da empregada ou dos amigos... e, talvez, olhe pra eles com imensa saudade exclamando: Nooossa, como esse era bom... aquele azul eu comprei numa viagem... olha esse como é grande...nem cabe mais!?
Céus!!! Vejam que dilema!!! O que se faz com um vibrador queimado? É pior que bateria de celular velha...Você nunca se livra... Jogo no rio?  Ponho num saco plástico e atiro pra fora do carro numa estrada deserta? O pior é que o pobrezinho é daqueles que imita direitiho um verdadeiro... Imagina se sou parada numa blitz? E acham um pênis dentro de um saco de lixo escuro no porta-mala... Pior que portar droga...
Por fim...depois de muito pensar, devido a essa dificuldade de mão-de-obra e por conta dessa situação francamente vexatória, resolvi botar a mão na massa, digo, no membro... Abri o coitado na inserção do cabo do controle e  descobri que os fios tinham saido do ponto de contato para a passagem de corrente elétrica...  (Desfaça imediatamente esse sorrisinho de canto da boca... eu não fiz nada demais com ele!!!)
Recoloquei no lugar, passei fita isolante e...voilá!! Eis o bonitinho funcionando de novo, totalmente recuperado!

Depois desta quase epopéia, aprendi 3 coisas a respeito de vibradores:
1. Eles são tão difíceis de se livrar, quanto os verdadeiros.
2. O mecanismo que os faz funcionar é tão simples, quanto os verdadeiros.
3. Tem coisas na vida que só a gente mesmo pra consertar...

No fim das contas, acabei de encontrar mais um nicho de mercado... Daqui a pouco ponho uma janela no blog: CLICK AQUI, eu tenho a solução para o seu desconsolo!!! Conserto garantido. Sigilo absoluto.
Vou até ser contratada por você, Santa Inocência.
Beijos.  Handy Guinevère.

Carta pra minha irmã

Minha querida:
para que serve uma irmã?
Reencontrar você me fez rememorar, como um filme todos esses sentimentos.
Irmã serve pra dormir junto de mão dada, pra dividir o medo do escuro, ou, então, abraçar na hora do sonho ruim... irmã sempre sabe dos nossos segredos... aqueles que a gente só conta antes de dormir...de luz apagada com o rosto vermelho... Irmã serve pra conversar até de madrugada...rir de madrugada e levar bronca da mãe...
Quando uma cai, a outra senta no chão do lado pra enxugar a lágrima e  esse  é o abraço que mais conforta...é um abraço entre iguais. Você foi perfeita!!
Irmã serve pra gente brigar de vez em quando, mas perceber que o amor não diminui por isso...Irmã serve pra brigar pela gente de vez em quando e perceber como o amor aumenta por isso... Irmã serve pra confiar, pra consolar, pra partilhar...
Beijo e abraço de irmã não tem outra intenção que não seja confortar, acarinhar... A gente não tem medo de quase se fundir no abraço de irmã. Abraço de mãe a gente recebe, abraço de irmã a gente troca...
Irmã lê pensamento, completa frase... mesmo ficando tempo sem se ver. E quanto tempo a gente ficou sem se ver...
Pra irmã a gente não tem receio de pedir ajuda, de pedir colo, de pedir apoio... a gente dá, porque a gente recebe...Às vezes uma dá mais, às vezes a outra... mas a conta cármica vai sendo naturalmente zerada.
Irmã a gente tem orgulho, porque a vitória dela é a nossa... e cada uma tem as suas habilidades, os seus traços fortes... que é bom que sejam diferentes pra trocar... Por isso o caminho de cada uma é único...é como se a gente combinasse: você vai por aqui, eu vou por ali. Depois você me conta tudo e a gente ensina uma pra outra o que aprendeu...
E como nós aprendemos rápido uma com a outra... porque a linguagem é a mesma... quase telepática. As sinapses são parecidas.
E às vezes a gente aprende as mesmas coisas de forma diferente, com pessoas diferentes. Claro!! Os interesses são os mesmos...o caminho é o mesmo... a gente pode ir cada uma por um atalho... mas sabe que quer chegar ao mesmo lugar...
E o amor de irmã só vai aumentando com o tempo, porque ele é construído com bases sólidas de confiança, honestidade, partilha e cumplicidade.
Durante o caminho a gente vai adquirindo comunicabilidade,  maturidade, experiências compartilhadas... a gente vai  abrindo os olhos para novas idéias, quebrando paradigmas e... des-per-tando...
Os ingleses tem uma rainha mãe... eu tenho uma rainha irmã. Não é o máximo??
Agora a gente vai passar um tempo juntas...  tem tanto assunto pra colocar em dia...
Estou te esperando pro sorvete e pra guerra de travesseiros... Aquela receita te mando amanhã.
Beijos carinhosos.
Gui.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Carta a Epicuro

                Prezado Epicuro, meu filósofo favorito:

                Imagino você, 300 anos antes de Cristo, já filosofando sobre felicidade... Adoro o seu tetrafarmacom, seus 4 remédios para o bem viver:  não é preciso temer a Deus, não é preciso temer a morte,  é possível ser feliz e é possível evitar a dor. Em relação aos dois primeiros, tenho uma visão peculiar, diferente da sua. Mas gosto imensamente da sua visão sobre ser possivel ser feliz e evitar a dor.
Particularmente, penso que as pessoas passam boa parte das suas vidas, tentando evitar sofrimento. Cada um com sua fórmula. Uns bebem para esquecer, outros comem. Há os que passam a vida vendo TV, ou jogando videogame. Outros trabalham demais, dormem demais, falam demais. Alguns param de pensar pra não sofrer. Muitos tomam remédios pra dormir, para depressão, para pequenas dores físicas. Tem aqueles que adoecem para trocar o tipo de sofrimento, ou para morrer logo e fugir da dor.
Os mais intelectuais burlam o sofrimento escrevendo livros de como se sair bem de situações amorosas, profissionais, de relacionamentos interpessoais, com um único objetivo:  Obter sucesso em evitar sofrimento.
Os cristãos explicam as dores, sublimam o sofrimento e se resignam na crença de que sofrem agora para não sofrerem depois.
Os budistas meditam e esvaziam a mente para não pensar no sofrimento.
Para os conscienciólogos, o sofrimento é oportunidade de evolução, é desafio existencial e superação. Waldo Vieira diz que a próxima existência será ainda pior.
Ontem uma amiga me falou de um casal que vive junto há 30 anos, num sitio, fazendo linguiça, felizes em perfeita simbiose. Imagine o pacto secreto, provavelmente tácito entre eles de não se moverem além do seu idílio e não buscarem mais conhecimento, crescimento pessoal, profissional e espiritual para não se afastarem e não correrem risco.
Permanecer dentro do círculo,se aproxima do que, você,  Epicuro,  pregava para ser feliz: satisfação apenas dos prazeres naturais e necessários.  Evitar os desejos não necessários e não naturais, pois estes precisam de mais pessoas e situações para serem satisfeitos. Quebram a autarquia, freiam a liberdade e causam dependência e sofrimento.
Mas como crescer pessoal e espiritualmente sem sonhar e quebrar paradigmas? Como quebrar estes paradigmas e deixar algum legado para o mundo sem sofrer? Como dar o salto sem risco de cair?
Passar uma vida inteira evitando sofrimento não parece insano?
Mas quantos de nós tem coragem de abrir o peito para o novo, encarar as dores dessa vida, sem medo de mudar, de sair da zona de conforto.
Se a vida é evolução, é crescimento e superação, quanto eu posso crescer fazendo tudo sempre igual e me escondendo atrás das coisas conhecidas e seguras. Em nome de Deus, da família, do dinheiro? Ou será apenas em nome do medo. Medo de sofrer?
Epicuro, você acreditava que a dor pode ser suportada, porque é passageira... ninguém lembra desta parte.
Que pena!!!
Eu acredito.
Sem todos aqueles mecanismos de defesa que inventamos, com um mínimo de armaduras, nos expomos mais, sofremos mais, porém, temos mais oportunidades de aprender.
- Aprender pra quê??- grita minha amiga -quero ficar quieta no meu canto, feliz com o meu amor, sem me ocupar com mais nada além de mim.  Azar do resto do mundo!!
Tudo bem, sente e descanse. Aprecie a paisagem!!! Você tem quantas vidas quiser e todo o tempo que desejar...
Nos vemos lá na frente. Ou não... Só não derperdice os seus dons...
Beijos. Gui.

domingo, 25 de abril de 2010

Carta a Nêmesis

Se você plantar milho, você vai colher milho, nunca  vai colher tomates. Adoro minhas amigas filósofas...Principalmente, nestes dias de chuva...
Tem dias que a gente acorda e se sente completamente fora do meio, perdida,  tipo hora errada e lugar errado ...
Ainda bem que isso não acontece muito frequentemente comigo...eu costumo ser bem adaptável... na verdade, esse sentimento de inadequação e injustiça, por sorte, não lembro de ter passado muitas vezes na vida...mas diria que uma vez sorvida essa sensação amarga, ela não precisaria repetir...
O que você acha, Nêmesis, da frase da minha amiga? Fico pensando o que você tem achado deste mundo. Talvez você seja uma das idealizadoras das catástrofes naturais, que vem ocorrendo neste planeta...
Você é a deusa da Ética e responsável por vingar os humanos, que se afastam dos seus preceitos por arrogância, vaidade, e todos os excessos mundanos.
Preciso de você pra me consolar....Não se inflame ... falei de consolo, não, de vingança... Se bem que tudo o que eu ouço dos meus amigos ultimamente é: "Calma, o mundo é redondo. Aqui se faz, aqui se paga". Essas palavras poderiam ter saido da sua boca...
Como é difícil lidar com injustiça... Você fazer o melhor numa situação e ser mal-interpretada, ser alvo de mentira, calúnia. Pior, as pessoas usarem sua posição social para te difamarem, sem você ter a chance de defender seu ponto de vista.
O mundo nem sempre é justo, as pessoas, também não. As pessoas podem não querer  reparar um erro e podem, sequer, se dar conta que erraram para consertar ou aprender a não repetir.. E aí, nós, pobres injustiçados, temos que dar conta dos nossos sentimentos e lançar mão de todos os mecanismos de defesa para superar o acontecido.... E confesso, que contamos com você  para reparar o que não podemos... Fazer a sua justiça, manter o equilíbrio entre o excesso de riqueza, de alegria, de maldade e a escassez de preceitos éticos... O gregos acreditavam que se existisse um sentimento profundo de ética, a sociedade seria bem estruturada e sua falta, causaria auto-destruição. E, você,  Nêmesis era a deusa responsável pela justiça dos homens. Nossa, quanto trabalho!!! Que imensa responsabilidade!
Estou triste hoje. Além de você, só posso contar com Cronos, o Deus do Tempo!! O tempo faz, o tempo desfaz, dizia meu avô...Que seja assim!!!



A ética foi o cimento que construiu a sociedade grega. Os gregos já tinham conhecimento de que, se existisse um sentimento profundo ético, a sociedade se manteria bem-estruturada e organizada; quando esse sentimento ético se rompia, ela começava a entrar em crise auto-destrutiva.

domingo, 11 de abril de 2010

Carta a Catarina de Médici, Rainha da França.

Sua Alteza,
Você que adora gastronomia e parece ter inventado o salto alto, talvez possa nos entender.
Você  conhece duas amigas novas... sai pra jantar no Shopping e come uma salada saudável (pra deixar um espacinho pro café e pro doce...) É maravilhoso como algumas coisas são ainda universais e capazes de unir mulheres de 20, 30 e 40 anos... que foi o nosso caso! Um papo ótimo sobre versões atuais de homens e relacionamentos... troca de experiências e muitas risadas...depois,  uma espiadela rápida de vitrines.
Então, aquele acontecimento clássico: uma colorida vitrine de sapatos. Impressionante, mas neste momento, temos todas a mesma idade: 15 anos, olhos voluptuosos, impetuosidade e passos firmes em direção a entrada da loja.
Prezada Catarina de Medici, você que nunca frequentou um Shopping, mas já era louca por sapatos, poderia me responder quantos pares de sapato são suficientes para satisfazer os caprichos de uma mulher, melhorar seu humor, fazê-la esquecer que está longe de casa e com saudades dos seus amores?
Li uma vez que a Fernanda Lima tinha 100 pares de sapatos.  Quando ia comentar que, após uma mega faxina e muitas caixas de sapato doadas, contabilizei 70, minha amiga de 30 bateu o recorde: 240 sapatos.
Caramba!! Porque será que nós gostamos tanto de sapatos? Será que existe alguma correlação entre o alinhamento do chakra plantar e o uso de sapatos novos? Será que a distância dos olhos ao sapato nos permite uma melhor apreciação panorâmica e estética, quando esticamos a perna, diferente de roupas, brincos, cintos e outros acessórios menos estrategicamente localizados e só visíveis com espelho?
Será que o sapato simboliza a nossa base sólida, a nossa conexão com a terra e a realidade? Será que subir no salto realmente nos leva a uma sensação de poder?
Só sei que entre cores, fivelas, laços e tipos diferentes de saltos ficamos entretidas por um bom tempo. Até perdemos o café... o Shopping fechou, claro!
Mas engraçado foi a moça tentando me vender 3 pares e eu tentando me convencer a duras penas, que eu não precisava de um sapato bege, apenas um preto e um vermelho. Comprar o bege seria excesso de consumismo e eu já tinha passado desta fase. Conseguia me controlar.  A propósito, duvido que o significado de precisar do dicionário contemple a nossa particular definição deste verbo, quando o assunto é shopping. O fato é que a vendedora era ótima e apostou que me convenceria a levar os três pares de sapato, porque faria uma proposta de pagamento irrecusável. Eu saí da loja orgulhosa de mim mesma, não sucumbi ao sapato bege.. mas levei os outros dois e uma bolsa linda... Ops!
Na saída da loja minha nova amiga comentou: "Nossa!! A proposta de desconto dela deve ter sido ótima pra você ter levado a bolsa, que custava duas vezes o preço do sapato bege."
Não sei, não lembro, pensando bem acho que nem tinha realmente um desconto...ela só propôs algumas formas alternativas de pagamento... Caímos as três na risada!!!

Alteza, você ia adorar!!! Beijos.