segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Carta a Santa Inocência

Prezada Santa:
Nem sei como começar...Tem situações que são dificeis de destrinchar... Vamos ao fato: Estou desconsolada!!!
Tem coisas que não tem conserto!!! Não da pra mandar arrumar...não existem  casas especializadas. Não é como levar um secador de cabelo estragado para a loja autorizada da fábrica, por exemplo... E essas coisas tem o seu valor,  nós sabemos quanto custam... Pra adquirir um já é dificil... Imagina quando estraga...
Não tem a menor idéia do que eu estou falando, não é? Já disse: estou desconsolada... kkk. Meu vibrador queimou... E agora??? Alguém já passou por isso? Faço o quê com aquele membro de silicone, que não se movimenta mais?
Imagine levá-lo na Sex Shop... o cara vai pensar o quê? Nooossa... chegou a queimar o pobre coitado... Deve ser meio parecido como levar seu marido impotente ao Urologista. Ele deve pensar: Huumm... como será que ela esta se virando sozinha?
Pedir pra um "faz tudo" consertar pra mim? Me imagino fazendo uma cara de paisagem, dizendo: Por favor, o senhor poderia consertar a pia que está vazando? Aproveita, troca a tomada da coifa do fogão e já dá uma olhadinha neste vibrador, que ele não tá mais girando? Já troquei a pilha, mas acho que deve ser o "fusível"... Seu dinheiro está em cima da mesa... tô indo. E neste momento ocorre a minha transmigração para qualquer planeta onde os habitantes tenham a pele da cor "roxa de vergonha".
 Depois pensei em jogar fora... mas aonde?  No lixo? Imagine jogar um "membro" no lixo... O zelador do prédio colocando os latões na calçada, o saco rasga e cai o "meu pênis" na rua... Hipótese sumariamente descartada.
Dou uma de Jack estripador e pico o pobrezinho? Ou queimo na churrasqueira? Imagine o cheiro do silicone e da borracha...Até que desmanche tudo, a vizinhança já desceu correndo por causa da fumaça...
Compro outro e deixo esse guardado, melhor, escondido. Nem pensar, se vibradores tiverem uma meia vida de dois anos como este,  até os 80 anos terei uma coleção de pênis queimados... Já vou providenciar uma cristaleira para expô-los... sim, porque até lá... já nem terei mais vergonha da empregada ou dos amigos... e, talvez, olhe pra eles com imensa saudade exclamando: Nooossa, como esse era bom... aquele azul eu comprei numa viagem... olha esse como é grande...nem cabe mais!?
Céus!!! Vejam que dilema!!! O que se faz com um vibrador queimado? É pior que bateria de celular velha...Você nunca se livra... Jogo no rio?  Ponho num saco plástico e atiro pra fora do carro numa estrada deserta? O pior é que o pobrezinho é daqueles que imita direitiho um verdadeiro... Imagina se sou parada numa blitz? E acham um pênis dentro de um saco de lixo escuro no porta-mala... Pior que portar droga...
Por fim...depois de muito pensar, devido a essa dificuldade de mão-de-obra e por conta dessa situação francamente vexatória, resolvi botar a mão na massa, digo, no membro... Abri o coitado na inserção do cabo do controle e  descobri que os fios tinham saido do ponto de contato para a passagem de corrente elétrica...  (Desfaça imediatamente esse sorrisinho de canto da boca... eu não fiz nada demais com ele!!!)
Recoloquei no lugar, passei fita isolante e...voilá!! Eis o bonitinho funcionando de novo, totalmente recuperado!

Depois desta quase epopéia, aprendi 3 coisas a respeito de vibradores:
1. Eles são tão difíceis de se livrar, quanto os verdadeiros.
2. O mecanismo que os faz funcionar é tão simples, quanto os verdadeiros.
3. Tem coisas na vida que só a gente mesmo pra consertar...

No fim das contas, acabei de encontrar mais um nicho de mercado... Daqui a pouco ponho uma janela no blog: CLICK AQUI, eu tenho a solução para o seu desconsolo!!! Conserto garantido. Sigilo absoluto.
Vou até ser contratada por você, Santa Inocência.
Beijos.  Handy Guinevère.

Um comentário:

Kíria Meurer disse...

Querida, sentimentos funcionam mesmo como uma "chave", não é? Quando conseguimos identificá-los, quando conseguimos dar nomes, ah... como abrem portas! Você despertou em mim a lembrança de sentimentos há muito guardados...É, acho que irmã também serve para isso: despertar o que temos de melhor - no meu caso: um amor megafraternal! Fiquei emocionada com o seu talento, com sua capacidade de traduzir sentimentos, com sua intimidade com as palavras."Amiga-irmã", levo comigo a alegria imensurável deste reencontro e a certeza de que temos grandes aprendizados para compartilhar!!! Muitas vezes se leva " vidas e vidas" para reencontrar pessoas especiais, por isso não podemos desperdiçar esta oportunidade evolutiva. Saudades seculares, Kíria Meurer