quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Carta ao Amante

Querido Lancelot,
já dizia o filósofo que os amores furtivos iluminam... Eu não discordo...Qualquer paixão ilumina!! Mas o segredo e, talvez, o perigo tem um componente a mais nessa luz, que eu não consigo decifrar e entender...
 Parece uma luz tipo fogueira, quente, perigosa, dificil de dominar.
E é uma fogueira que já vem alta, indomável, soberana... Será que esse arrepio passa? Que esse calor aplaca? E essa absoluta fraqueza pra resistir, pra dizer não?
Como não obedecer a sua voz sussurrando, afastando meus cabelos pra falar de perto no ouvido qualquer bobagem de amante... e as mãos que deslizam...os braços que erguem... e a boca, dona do beijo perfeito... O calor do fogo, como dá sede... como dá, cede...
Mas porque tanto parece pouco!! Preciso entender, preciso dominar essa fogueira, devia se remoer a pobre Psique presa na torre. Seduzida e torturada...
E na ânsia de decifrar o indecifrável, abro os olhos... vejo apenas uma chama de vela. E quando me curvo para ver o rosto do Amor, respinga cera sobre a sua pele. E assusta, queima, afasta e apaga a chama...Então, você some...
E acaba tudo??? Que sem graça!!!
Claro que não! A sorte é que o Amor não sucumbe assim tão fácil... passa o susto, o perigo e ele volta. Vai ser sempre assim, você diz.
Só por precaução, jogo fora a vela... deixo um copo d'água (com gás e limão) no criado-mudo e o ar ligado...

Beijos. Guinevère.